quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Técnicas infalíveis para o café da manhã (recuperados do arquivo jamais publicado de 2011)

Desenterrei uma coisinha que escrevi em 2011 em um blog que nunca contei pra ninguém que tinha. Tinha vergonha, eu creio. Enfim... achei fofinho. Não quis mudar nada. Mas, pra que fique registrado: o namorado agora é marido, meu café da manhã continua bem parecido com esse, e a história da batida de frutas do namorado que agora é marido ainda rende suspirinhos apaixonados <3
Segue texto na íntegra ...
(quer saber o que eu estava ouvindo? clica aqui )

***********

Acabei de ler um post delicioso aqui sobre coisas gostosas prá começar bem o dia.
Eu nunca gostei muito das manhãs ... Sempre fui uma criança que adorava dormir muito tarde e acordar ainda mais tarde e café da manhã nunca era uma opção. Meu apetite ao sair da cama era quase nulo. Lá pelos meus 20 anos eu ainda saía de casa em jejum todas as manhãs e minha primeira refeição costumava rolar na mesa do escritório por volta das 10hrs e não raramente incluía biscoitos recheados e refrigerante (!!!). Hoje quando penso nessas coisas me dá calafrios ...  Mudei.

As minhas manhãs perfeitas começam com um sorriso, café fresquinho, pão integral com cream cheese, ovo quente e mamão. Mas eu sou muito tolerante. Aceito muito bem certas variações, como por exemplo a vitamina sem leite que o namorado faz, as batidas com iogurte natural que a mamãe é especialista, eteceterá ... Nem sempre dá tempo, nem sempre tem na despensa, mas é disso que eu gosto.
Deixo aqui então, as vedetes do meu café da manhã:

Técnica infalível do Ovo Quente (que eu aprendi com o namorado)

Coloque o(s) ovo(s) numa panelinha com água suficiente para cobrir e leve ao fogo. Quando a água ferver abaixe o fogo e conte três minutos e meio. Resultado: Uma parte da clara durinha, uma parte branquinha e gema mole. Sempre dá certo, mas eu finjo que não sei pq adoro qdo ele faz nosso ovo quente <3

Iogurte Natural sem mistérios (que eu aprendi há muuuuuito tempo atrás não sei onde)

É só colocar 1 litro de leite de saquinho (nunca nunca de caixinha) numa panela de aço inox e levar ao fogo até ameaçar ferver, mas sem ferver. Desliga, espera esfriar até que seja possível mergulhar o mindinho e ficar por 5 segundos sem queimar. Se queimar ainda tá muito quente (hehehhe). Daí mistura meia xícara de iogurte natural (pode ser comprado, tipo aqueles de copinho. Mas tem que ser iogurte natural e não bebida láctea), mexe bem, tampa a panela e deixa descansar no forno (desligado, viu?) umas 8 horas. Dica: Se estiver muito frio, dá uma aquecidinha no forno antes de botar a panela lá. Mas só uma aquecidinha.

Cream Cheese NATURAL (mais gostoso, mais barato que foi adaptado da Pat Feldman)

Sabe aquele iogurte natural ali do andar de cima? Então, pega uma peneira e forra com um filtro de papel (de passar café, sabe?) aberto nas laterais pra caber direitinho. Apoia a peneira numa jarra de vidro, joga o iogurte na peneira forrada e deixa na geladeira por algumas horas. O líquido vai ficar na jarra, e o que fica na peneira é o cream cheese. Mas então ... eu tempero com uma pitadinha de sal e um fio de azeite.

Batida de frutas do namorado (ai, ai ... nunca tinha pensado nessa combinação antes ... ele é um gênio!)

Antes de tudo preciso dizer que a primeira vez que eu tomei essa batida nós estávamos namorando pouco mais de 1 mês, e eu estava com uma laringite daqueeelas. Depois de ficar sem comer umas 20 horas ele me acordou com essa batida linda, carinhosa, dengosa .... tá tá, parei rsrsrsr.
Nem tem medidas, mas é assim ó: Suco de maracujá, banana e mamão. Nesse dia tinha suco natural prontinho na geladeira, mas confesso que às vezes a gente usa aqueles concentrados. Não é a melhor opção, mããããããssss .... Daí ele sentou do meu ladinho e me deu o maior apoio:

Ele: Vai, linda ... bebe só um pouquinho ... vc precisa de alimentar!
Eu: Mas dói pra engolir (doía mesmo, mas tinha uma manha no ar hehehehe)
Ele: Tá, então tenta só um golinho. (todo carinhoso, não deu pra resistir)

Talvez tudo isso tenha deixado essa batida muito mais doce, se é que você me entende ... Mas que ela é boa, isso eu "agarantcho"

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Sobre a gratidão, desencontros providenciais e um ato falho

                Outro dia aprendi num seminário sobre comportamento um tal exercício de gratidão. Ele consiste basicamente em acordar todos os dias e fazer uma pequena lista com as coisas pelas quais sou grata. Confesso que me deu certa preguiça. Mas seguindo meu movimento atual de autoconhecimento, resolvi experimentar.
                O exercício sugeria 5 coisas. Acreditando que eu não teria 5 coisas para agradecer, decidi  que começar com 3 estava de bom tamanho. A primeira lista foi a mais difícil, mas a medida que eu fazia esse esforço de procurar coisas boas pelas quais sou grata mais coisas me vinham à cabeça.  Ao passar dos dias, volta e meia me pagava pensando: “Recebi uma mensagem carinhosa da minha amiga! Sou grata por isso!”; “Uau! Não peguei nadinha de trânsito em plena sexta feira! Sou muito grata por isso!”; “Justo hoje que deu chuva e frio eu posso trabalhar de casa, de pijama e cobertor no colo! Fala sério!Sou muito grata por isso”. E assim, a lista matinal se tornou obsoleta.  Quantas coisas boas eu tenho a agradecer e nem sabia! Serelepe e saltitante... Até que uma coisinha saiu errado.
                Um encontro pelo qual eu esperava e no qual eu havia depositado muitas expectativas foi cancelado. Não foi adiado, foi CAN CE LA DO. Eu costumo resumir minha reação automática às minhas emoções mais fortes como um tsunami. Primeiro a onda recua, calma e serena e as pessoas olham intrigadas praquele movimento. Até que a onda volta e... bem, você sabe como são os tsunamis. Isso era o que eu esperava de mim mesma. Mas no momento em que a onda de sentimentos recuou, eu respirei fundo... e fui arrebatada por uma profunda sensação de calma e gratidão.
                E foi aí que juntei as peças. Ser grata quando as coisas acontecem do meu jeito, no meu tempo e como eu planejei é fácil. Ser grata por receber declarações de amor, sorrisos e gentilezas é muito fácil. Mas o que foi realmente transformador pra mim foi mudar minha percepção de gratidão. Foi reconhecer que em toda situação há uma oportunidade de refletir sobre as minhas atitudes, meus desejos, expectativas e me perguntar: O que eu aprendi com isso? E eu aprendi, mais uma coisa nova.
E por isso, eu sou profundamente grata.
Comecei a escrever isso por causa de uma situação engraçada que me aconteceu. Entrei na padaria pra tomar um café e estava com a cabeça a mil, eufórica com essa epifania matinal e ao invés de dar bom dia ao atendente eu disse “obrigada”. Ele prontamente me respondeu: “Eu que agradeço!”. Rimos da situação, e antes que eu pudesse explicar a confusão ele me diz: “Foi um obrigada tão empolgado e sincero, que não resisti e agradeci também.
Se você cruzar comigo por aí e me ver sorrindo, dizendo obrigada no lugar de bom dia, não me julgue. Nesses últimos dias ta difícil esconder o quanto sou grata. 


(Sobre o texto: Floripa, 25 de Agosto de 2016. (Depois da meditação que não aconteceu. Antes da corrida que durou três minutos, e da caminhada que durou 3 horas. Ouvindo Intro. Loop infinito)

Aaaahhh e por falar em gratidão, se liga nessa panqueca de banana ämerican style". Faz aí e me diz se depois de comer essa lindeza quentinha com manteiga e mel a vida não fica beeeeem mais legal ;)

  • Panqueca de banana "american style": Dois ovos (bate muito bem, eu sempre faço usando mixer, pode ser liqui ou batedeira, tanto faz), acrescenta duas bananas grandes madurinhas (ou três pequenas), 1 colher de óleo de coco ou manteiga,4 colheres de leite (eu sempre uso leite vegetal, mas qualquer um serve, até agua serve) baunilha e canela à gosto, uma pitadinha de sal. Bate bem. Agora coloca 5 colheres de farinha de trigo peneirada, mistura à mão mesmo só até ficar homogêneo e cremoso(se ficar muito duro ou muito liquido, ajuste os ingredientes sem medo. vai dar certo). 1 colher de sobremesa rasa de fermento. Mistura e pronto. Frigideira antiaderente bem quente, untada com manteiga ou óleo de coco. Use uma concha pra medir: uma concha não muito cheia = 1 panqueca. Cozinhe em fogo baixo até que surjam bolhinhas na superfície. Vire e doure do outro lado. Repita com o restante da massa. Sirva quentinha com manteiga e mel. Ou com geleia. Ou com chocolate derretido. Ouve teu coraçao e vai. A vida é boa e panqueca de banana é o café da manhã mais generoso e amoroso do mundo. Tipo colo de mãe. faz aí e me conta. 





segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O efeito "Luz de Velas"

   No meu bairro é muito comum faltar luz, especialmente quando temos chuva ou vento (ou os dois juntos, evento comum considerando que vivemos numa Ilha).
   Me impressiona o quanto vivemos tão conectados à tecnologia que sequer percebemos que deixamos nossa natureza de lado. Há muitos anos, ao fazer um tratamento alternativo para enxaqueca um naturopata me perguntou há quanto tempo eu não andava descalça na terra / areia / grama. Muito tempo atrás, eu respondi. ele me explicou qualquer coisa sobre uma terapia de aterramento e da importância de se "descarregar" do excesso de eletricidade e ondas magnéticas que atravessam nosso corpo todos os dias.
   Enfim... Num domingo de chuva estávamos eu e Léo em casa nos preparando pra assistir um filminho quando ficamos no escuro. Sem Tv. Sem internet. Meu celular com a bateria por acabar. Poderia ter se instalado ali um momento de tédio. Mas apreciamos a companhia um do outro. Acendi algumas velas, abrimos uma garrafa de vinho. Léo pegou o violão, caderno e caneta e sentamos à mesa. Ele, com uma melodia que não saía da cabeça, e precisando de uma letra. Eu, cheia de poemas presos (mas ainda desconhecendo completamente esse fato). 
   Ele ficava tocando, e repetindo ... e me pediu pra escrever uma letra. E eu não fazia ideia de como fazer isso. Na minha cabeça, meu complexo de Bob desenhou um canvas em branco e nada saía dali... Ele tocava aquela melodia, fechava os olhos e se movimentava levemente na cadeira, como num transe ... Completamente absorvido pela sonoridade, pelo movimento ... E me dizia com a voz doce para eu não me preocupar com nada, "escreve qualquer coisa, linda". E eu, vazio. Ele me olhava com olhar doce, "deixa rolar, só sente e vai". E eu, branco total. Ausência completa de pensamento. Pensava comigo mesma: o que esse tema me lembra? Pra onde essa música me leva? E eu, lugar nenhum. Me senti envergonhada de mim mesma. Sempre acho que escrevo muita abobrinha. Mas ele, como sempre, me envolveu naquela sensação de segurança ... Aquela que já conheço. 
   Com o pensamento em branco, respirei fundo e encostei a caneta no papel. E já nem sei como explicar o que aconteceu. Escrevi sem parar, sem pensar, sem reler. Só escrevi. Como num salto, encostei a caneta no papel e pulei sem olhar pra baixo. Foram alguns minutos com a sensação da queda livre no estômago, mas não tinha mais volta. Na última frase, chorei. Não fazia a menor ideia do que tinha acabado de acontecer. Não sei nem dizer de onde saíram todas aquelas palavras. Não eram versos, tampouco um poema estruturado, não havia rimas. Jamais seria uma música. 
   Léo pegou o papel, desenhou coisas de músico para separar as frases e pegou aquele emaranhado de sentimentos escondidos, um pedaço do que sou, juntou com a sua melodia e fez música. Por uma questão de métrica, uma ou duas palavras foram substituídas por sinônimos, mas a letra é basicamente o texto original, que pro meu espanto "coube" na ideia do Léo, também com pequenos ajustes. 

Por hora, esse é o único registro que temos dessa música. E essa foi a primeira vez que eu vi a execução dela em público. Fiquei arrepiada. Ainda tenho sentimentos confusos. Não sei bem se tenho vergonha ou orgulho. 



E pra relembrar a nossa criança interna, uma receitinha especial de leite condensado :)

  • Em uma panela (preferencialmente de fundo grosso) junte duas xícaras de leite com uma xícara de açúcar cristal (usei demerara). Leve ao fogo, mexendo sempre até levantar fervura. A partir daí conte aproximadamente 20 minutos. Durante esse tempo o leite vai espumar e subir bastante, Relaxa que é assim mesmo. Depois de uns 15min fervendo, adicione uma pitada de bicarbonato de sódio e mexa por mais uns três minutos. Depois disso já pode testar usando um pires gelado (coloca um pouquinho no pires gelado e vê se ainda está muito líquido. Se a consistência lembrar leite condensado, tá pronto.) Desligue o fogo, e bata com uma batedeira até esfriar (isso vai deixar seu leite condensado super cremoso e aveludado). Algumas dicas bem importantes: se cozinhar demais, pode ficar duro. Se vc não tem muita prática, depois de 15min de fervura vá fazendo o teste do pires a cada minuto. o leite condensado quente fica muito mais líquido do que depois que esfria. Bater é suuuper importante pra garantir a cremosidade. Dá pra fazer com açúcar branco normal, mas no resultado final vc vai ter um leite condensado meio arenoso, sabe? 
Cremoso e brilhante, já frio e depois de bater ;)

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Ter um blog não serve pra nada.

E foi com esse pensamento que eu já abandonei e depois voltei, para em seguida abandonar novamente esse espaço.
Sempre que eu sentia essa vontade de compartilhar coisas pelas quais eu me interesso, eu voltava.
Para logo em seguida me questionar: Mas pra quê? Quem se importa com o que eu digo ou penso? e por fim chegar à conclusão de que isso seria puro narcisismo, ou sei lá o que.

Dessa vez eu volto por outro motivo. Volto porque adoro escrever e mantenho tudo o que escrevo escondido. Ninguém lê. Ninguém mesmo. Sempre fico insegura, com medo de ter escrito grandes bobagens, de parecer a coluna da Capricho mal feita ou uma versão infantil e mal produzida de Sex and The City, de soar boba ou esnobe, pseudo-intelectual insuportável. Mas dessa vez algo mudou. Continuo escrevendo abobrinhas impublicáveis, gravando áudios enquanto dirijo com ideias malucas que habitam minha imaginação, e quando os ouço preciso usar um fone de ouvido, pq uma vez esquecido o assunto eu mesma fico receosa de escutar.
O que mudou é que já não me importa quem vai ler, se vai gostar, se vai achar graça ou nunca mais voltar.
Essa mudança se deve em partes pelo apoio incondicional do meu marido, meu companheiro e meu melhor amigo. Ele, que há anos me incentiva a deixar as palavras fluírem sem medo ... Ele, que é um artista de talentos múltiplos e um compositor sensível e extremamente criativo enxergou antes de mim que aquela inquietude que me acompanha são poemas presos. Ele, que me conheceu melhor que eu mesma, me pegou pela mão pacientemente e me ajudou a olhar pra dentro. Ele, que me mostrou (e mostra todos os dias) que certos clichês são indispensáveis - a vida foi feita pra ser vivida // cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é // seja você mesmo, mas nunca sempre o mesmo.

Hoje, dou as boas vindas para você que resolveu ser meu leitor. Mas principalmente (e desculpe a sinceridade, isso se trata mesmo muito mais de mim do que de você) boas vindas pra mim. Boas vindas pro meu eu escritor, pro meu eu imaginador, pro meu eu verborrágico e prolixo, pro meu eu de memórias distorcidas.

(E pra quem está se perguntando o que isso tem a ver com comida, aguarde as cenas dos próximos capítulos. Tudo vai fazer sentido. Ou não. )

Trilha do Gravatá // Foto de celular // Com a Chris // Em algum dia de Outono em Setembro.