segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O efeito "Luz de Velas"

   No meu bairro é muito comum faltar luz, especialmente quando temos chuva ou vento (ou os dois juntos, evento comum considerando que vivemos numa Ilha).
   Me impressiona o quanto vivemos tão conectados à tecnologia que sequer percebemos que deixamos nossa natureza de lado. Há muitos anos, ao fazer um tratamento alternativo para enxaqueca um naturopata me perguntou há quanto tempo eu não andava descalça na terra / areia / grama. Muito tempo atrás, eu respondi. ele me explicou qualquer coisa sobre uma terapia de aterramento e da importância de se "descarregar" do excesso de eletricidade e ondas magnéticas que atravessam nosso corpo todos os dias.
   Enfim... Num domingo de chuva estávamos eu e Léo em casa nos preparando pra assistir um filminho quando ficamos no escuro. Sem Tv. Sem internet. Meu celular com a bateria por acabar. Poderia ter se instalado ali um momento de tédio. Mas apreciamos a companhia um do outro. Acendi algumas velas, abrimos uma garrafa de vinho. Léo pegou o violão, caderno e caneta e sentamos à mesa. Ele, com uma melodia que não saía da cabeça, e precisando de uma letra. Eu, cheia de poemas presos (mas ainda desconhecendo completamente esse fato). 
   Ele ficava tocando, e repetindo ... e me pediu pra escrever uma letra. E eu não fazia ideia de como fazer isso. Na minha cabeça, meu complexo de Bob desenhou um canvas em branco e nada saía dali... Ele tocava aquela melodia, fechava os olhos e se movimentava levemente na cadeira, como num transe ... Completamente absorvido pela sonoridade, pelo movimento ... E me dizia com a voz doce para eu não me preocupar com nada, "escreve qualquer coisa, linda". E eu, vazio. Ele me olhava com olhar doce, "deixa rolar, só sente e vai". E eu, branco total. Ausência completa de pensamento. Pensava comigo mesma: o que esse tema me lembra? Pra onde essa música me leva? E eu, lugar nenhum. Me senti envergonhada de mim mesma. Sempre acho que escrevo muita abobrinha. Mas ele, como sempre, me envolveu naquela sensação de segurança ... Aquela que já conheço. 
   Com o pensamento em branco, respirei fundo e encostei a caneta no papel. E já nem sei como explicar o que aconteceu. Escrevi sem parar, sem pensar, sem reler. Só escrevi. Como num salto, encostei a caneta no papel e pulei sem olhar pra baixo. Foram alguns minutos com a sensação da queda livre no estômago, mas não tinha mais volta. Na última frase, chorei. Não fazia a menor ideia do que tinha acabado de acontecer. Não sei nem dizer de onde saíram todas aquelas palavras. Não eram versos, tampouco um poema estruturado, não havia rimas. Jamais seria uma música. 
   Léo pegou o papel, desenhou coisas de músico para separar as frases e pegou aquele emaranhado de sentimentos escondidos, um pedaço do que sou, juntou com a sua melodia e fez música. Por uma questão de métrica, uma ou duas palavras foram substituídas por sinônimos, mas a letra é basicamente o texto original, que pro meu espanto "coube" na ideia do Léo, também com pequenos ajustes. 

Por hora, esse é o único registro que temos dessa música. E essa foi a primeira vez que eu vi a execução dela em público. Fiquei arrepiada. Ainda tenho sentimentos confusos. Não sei bem se tenho vergonha ou orgulho. 



E pra relembrar a nossa criança interna, uma receitinha especial de leite condensado :)

  • Em uma panela (preferencialmente de fundo grosso) junte duas xícaras de leite com uma xícara de açúcar cristal (usei demerara). Leve ao fogo, mexendo sempre até levantar fervura. A partir daí conte aproximadamente 20 minutos. Durante esse tempo o leite vai espumar e subir bastante, Relaxa que é assim mesmo. Depois de uns 15min fervendo, adicione uma pitada de bicarbonato de sódio e mexa por mais uns três minutos. Depois disso já pode testar usando um pires gelado (coloca um pouquinho no pires gelado e vê se ainda está muito líquido. Se a consistência lembrar leite condensado, tá pronto.) Desligue o fogo, e bata com uma batedeira até esfriar (isso vai deixar seu leite condensado super cremoso e aveludado). Algumas dicas bem importantes: se cozinhar demais, pode ficar duro. Se vc não tem muita prática, depois de 15min de fervura vá fazendo o teste do pires a cada minuto. o leite condensado quente fica muito mais líquido do que depois que esfria. Bater é suuuper importante pra garantir a cremosidade. Dá pra fazer com açúcar branco normal, mas no resultado final vc vai ter um leite condensado meio arenoso, sabe? 
Cremoso e brilhante, já frio e depois de bater ;)

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